É inegável o impacto da covid-19 em todos os setores da sociedade desde que a pandemia teve início, em 2020. E uma das principais evidências que surgiram com esse contexto foi a importância do uso da tecnologia no dia a dia e na vida das pessoas. No setor de serviços de saúde, houve uma aceleração do processo de implementação de inovações tecnológicas, devido à necessidade de distanciamento social e para evitar a propagação do novo coronavírus. Serviços que eram vistos apenas como uma tendência, se tornaram protagonistas.

De acordo com a pesquisa “Conectividade e Saúde Digital na Vida do Médico Brasileiro”, realizada pela Associação Paulista de Medicina, em fevereiro de 2020, com 2258 médicos de 55 especialidades, a maioria dos profissionais (90%) já via na tecnologia uma forma de melhorar o atendimento à população. 70% dos participantes disseram acreditar ser possível aumentar o atendimento médico, além do consultório, com as tecnologias proporcionadas pela telemedicina, que oferecem segurança dos dados e privacidade entre médico e paciente. 

Telemedicina é o conjunto de práticas relacionadas ao uso de tecnologias da informação na área da saúde para possibilitar atendimento remoto ao paciente. Em março de 2020, o Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou uma resolução que permite o trabalho remoto de médicos, e o Ministério da Saúde ratificou a liberação do uso da telemedicina, em uma portaria publicada dias depois no Diário Oficial da União. Ambas as decisões se deram em caráter excepcional e valem enquanto durar o combate à pandemia. 

Nesse sentido, os investimentos em telemedicina aumentaram, fortalecendo a evolução das tecnologias no campo da saúde. Durante o 4° Seminário Internacional de Segurança do Paciente e Acreditação em Saúde, promovido pela Organização Nacional de Acreditação (ONA), em março, telessaúde, digitalização, liderança e qualidade de atendimento foram os principais temas abordados. Mesmo com todos os benefícios que a tecnologia oferece, algumas análises apresentadas no evento ponderaram sobre o risco de desigualdade digital e a necessidade de o novo e o tradicional continuarem convivendo. 

“Existe uma pobreza digital, então quando falamos de mudança digital, questionamos sobre as pessoas que não têm acesso a um computador ou a outro dispositivo tecnológico, ou não têm acesso à internet, então precisamos ser proativos para atender essa necessidade, se não vamos ficar mais e mais para trás”, declara Pedro Delgado, vice-presidente do IHI - Institute for Healthcare Improvement.

“Nem todas as tecnologias oferecidas no mercado são oferecidas para todas as pessoas, então, cabe a nós identificar a real necessidade dessa população, ou seja, será que quem eu atendo, no meu serviço, precisa desse sistema? Dessa tecnologia?”, questiona Eloá Padilha, supervisora de práticas médicas do Hospital Sabará.

Apesar da aceleração das implantações e da evolução da tecnologia na área da saúde, algumas inovações vêm sendo vistas como capazes de impactar, ainda mais, o setor nos próximos anos. Confira:

Telemedicina
Também conhecido como Pronto Atendimento Digital, é um dos grandes marcos da transformação digital na saúde. Trata-se de uma prática de atendimento e suporte diagnóstico de maneira remota que inclui, ainda,  a interpretação de exames e emissão de laudos a distância. Um serviço de cooperação e assistência remota, cujo objetivo é ampliar a capacidade das clínicas. Entre os benefícios que impulsionaram a adoção da tecnologia, está  o aumento da capacidade de atendimento, sobretudo em cidades e regiões mais isoladas. 

Somado a isso, a pandemia — e a necessidade de distanciamento social que ela causou — trouxe a demanda por alternativas para prover o serviço sem aumentar o risco de contaminação existente em um pronto-socorro muito cheio. Quem adota essa tecnologia se torna uma referência entre os pacientes, aumentando as chances de crescimento do negócio. 

Inteligência artificial (IA)
O potencial de uso da inteligência artificial na saúde é grande, sendo essa uma das tecnologias com maior leque de aplicações na área. Um dos pontos de destaque é o diagnóstico. Hoje, é possível tirar proveito de softwares baseados em inteligência artificial para analisar imagens do organismo e fornecer informações mais precisas sobre os órgãos.

Algoritmos também são utilizados para processar grandes volumes de dados (Big Data), sobretudo por meio das próprias imagens de exames. O papel da tecnologia aqui é cruzar dados para identificar padrões que possam sugerir um diagnóstico específico. Assim, a própria IA chama a atenção do médico para eventuais problemas em estágio inicial, em que são mais difíceis de serem notados. Mesmo que não seja algo investigado pela equipe médica, o software pode identificar a anomalia e gerar uma notificação para que aquilo seja analisado. 

Robôs virtuais
A adoção de chatbots se tornou uma ferramenta valiosa para que as operadoras aumentassem a eficiência do atendimento e reduzissem os custos relacionados a esse setor. O conceito de chatbot se refere, de forma geral, a um robô virtual desenvolvido para conversar com uma pessoa. Aqui, estamos falando de uma solução que tira dúvidas, oferece orientações, coleta dados e ajuda a engajar os pacientes no autocuidado. O resultado é uma vida mais saudável, sem que a pessoa precise recorrer a uma consulta clínica para se educar sobre questões básicas, por exemplo.

Aplicativo móvel
Um dos maiores benefícios que os apps de telemedicina oferecem aos pacientes é a comodidade, já que o serviço oferece atendimento médico virtual, sem a necessidade de ter que se deslocar até a clínica ou hospital. Por esse sistema, é possível relatar sintomas e receber o diagnóstico e tratamento. Além disso, todo o histórico médico fica armazenado, podendo ser acessado de qualquer lugar, com informações arquivadas em segurança na “nuvem”. Para os médicos, essa tecnologia oferece mais flexibilidade de atendimento, para que as consultas sejam feitas nos horários mais convenientes à rotina do profissional, evitando atrasos e a espera do paciente pelo atendimento. 

Receitas digitais
Uma tendência que ganha força, o receituário digital permite o envio de receitas a distância aos pacientes, em formato PDF, via WhatsApp, e-mail ou SMS. Facilita a rotina de quem precisa de medicamentos de uso contínuo e precisa de novas receitas para adquirir os remédios, recebendo a prescrição sem precisar sair de casa. No entanto, para a compra de medicamentos restritos, é preciso uma receita com assinatura digital. 

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Demais fontes consultadas: Sharecare | Medicalway.

Crédito da imagem: Geber86 - iStock.